Boas Vindas

Oi, gente! Meu nome é Marcos Adriano e estou escrevendo o livro "Rhenack: e as pedras S". Espero que estejam gostando. XD

Rhenack (capitulo 1)

1. Finalmente Ferias

O brilho das primeiras horas do dia lançou um fino raio de luz pela pequena fresta da cortina. O sol iluminou a face dormente de Adriano, que torceu o nariz enquanto seu rosto era levemente aquecido. Espreguiçou-se, esticando seu corpo meio gordinho de 15 anos e bocejou demoradamente.
Sentou-se na cama e levantou num pulo, como que expulsando toda a preguiça e correu até o banheiro.
Adriano abriu a torneira da pia, lavou bem o rosto, escovou os dentes e tomou um demorado banho.
­­­­­- Que bom que hoje já é sexta-feira – disse pra si mesmo, olhando-se no espelho. Passou a mão sob seu cabelo negro que estava razoavelmente molhado e saiu do banheiro.
Voltou para o quarto e abriu a cortina, deixando a claridade inundar cada centímetro do seu aposento. Lá fora um dia de céu azul se descortinava convidativo.
O garoto pegou uma revista no criado ao lado da cama e colocou carinhosamente enfileirada junto com outras revistas da estante do seu computador. Ali estavam várias revistas organizadas ao lado de pilhas e mais pilhas de gibis da turma da Mônica, todas guardadas em pequenos sacos pretos de plástico, cuidadosamente fechadas com fita adesiva.
A leitura nunca foi um forte de Adriano, mas quando se tratava de curiosidades e historias em quadrinhos era com ele mesmo. Era fã de carteirinha da revista Mundo Estranho, Turma da Mônica, Super Interessante, Mangás e varias outras revistas do gênero.
Seu quarto era quase coberto de pôsteres que vinham nas revistas e tinha um painel na parede perto do guarda-roupa pintado com o desenho dos personagens do Perfect World o game on-line que ele mais gostava.
Com a mochila da escola nas costas, Adriano foi até a cozinha. Sentou-se enquanto Fernanda, sua mãe, colocava um suco de morango à sua frente. Passou manteiga no pão francês:
- Bom dia, mãe - disse com seu jeito animado de sempre.
- Bom dia, lholhote – respondeu a moça de cabelos ruivos presos com uma piranha, colocando um pequeno embrulho sobre a mesa. – Sua avó deixou isso pra você.
- Uau! – exclamou Adriano, cuspindo farelo de pão na mesa e puxou o embrulho para si. – O que é? – perguntou o garoto.
- Abra e verá! – respondeu a mãe.
Adriano abriu o embrulho. Seus olhos brilharam quando viu o objeto que sua avó lhe dera. Um criptograma dourado. O garoto sabia que aquele objeto era importante para sua avó, afinal de contas, não é muito fácil encontrar um objeto único que nem esse.
- E nem pense em levar pra escola mocinho – Interceptou a mãe, já tomando o presente de volta.
- Ah, não! – reclamou Adriano, limpando a manteiga da boca. – Por favor, mãe, deixa! Por favor!
- Não! – respondeu ela de forma direta. – E nem adianta fazer essa cara de pidão que não vai da certo! Agora vai pra escola se não vai chegar atrasado.
Adriano ainda pensou em argumentar, mas sabia que não adiantaria. Pegou o suco e com um só gole bebeu o que restara. Adriano se despediu, atravessando a sala, a porta de saída e finalmente alcançando o portão de ferro. Andou duas quadras e parou em frente a uma casa de cor branca com o andar de cima ainda em construção.
- Saulo, Brendon, vamos logo ou vamos nos atrasar – gritou o garoto pelas frestas das grades vermelhas que faziam parte do portão. Dois garotos saíram dando “tchau” para alguém que estava dentro da casa.
- Eaí Adriano como vai? – falou Saulo dando tapinhas nas costas do melhor amigo. – Tô de boa! – respondeu o menino com um sorriso no rosto.
- Não era você que ia faltar aula hoje? – perguntou Brendon com sarcasmo. – Era, mas a mamãe não deixou. Afinal, isso não é da tua conta se vou ou não a escola – respondeu Adriano.
- Cavalo! – brincou Saulo com a resposta do amigo.
Os garotos caminharam até a parada de ônibus onde encontraram Relisson, um garoto de pele morena que era amigo de escola deles.
- Oi Relisson, tudo jóia? – perguntou Saulo ao amigo que devorava um pedaço de sanduíche. – Tudo, e vocês? – respondeu Relisson cuspindo um pouco de farelo de pão na farda de Saulo. Brendon e Adriano caíram na risada ao ver a cara de nojo que Saulo vez ao limpar-se.
Não demorou muito para o ônibus de cor amarela, escrito “escolar” na lateral chegar. Todos entraram rapidamente e sentaram-se como sempre: Adriano ao lado de Saulo e Brendon ao lado de Relisson.
- Nem acredito que hoje é finalmente o último dia de aula – Exclamou Adriano com uma satisfação na voz – Pensei que esse dia nunca chegaria – completou Relisson limpando a boca com a manga da blusa.
- Oi turma! – saudou um menino de pele clara quase branca. Seu cabelo castanho claro estava bem penteado. Seus olhos castanhos inspiravam simpatia e de seus lábios incrivelmente vermelho saltava um radiante sorriso.
- Oi Wendel! – responderam todos ao mesmo tempo.
Saulo deu uma cutucada com o cotovelo em Adriano.
- Que foi? – perguntou Adriano meio brabo.
- Até agora ela não chegou! – respondeu Saulo rapidamente.
- Ela quem? – perguntou Adriano não sabendo de quem estavam falando.
- A Alana! – respondeu Saulo.
A conversa foi interrompida com o frear forte do ônibus. A porta abriu-se e uma menina de cabelos ruivos, pele bronzeada de olhos castanhos entrou. Sentou-se uma cadeira a frente de Saulo e Adriano. Colocou os livros nas pernas de coxas fartas e ajeitou seu cabelo liso e brilhante e colocou uma piranha no formato de borboleta. Olhou para traz e deu um sorriso rápido e radiante para Saulo e Adriano.
- Viu? Ela chegou! – exclamou Adriano ao amigo que estava olhando atentamente para a menina – Ei! – falou Adriano dando uma pequena cotovelada em Saulo que parecia estar hipnotizado.
- O que foi? – perguntou Saulo com cara de leso
- Cara, você tem que parar com isso. Faz mais de quatro messes que você ta tentando conquistar ela e nada. Se eu fosse você eu partiria para outra – respondeu Adriano.
– Valeu pelo conselho! – exclamou Saulo irônico – Isso não foi um conselho, foi uma sugestão amigável, mas se prefere como conselho, por mim tudo bem – finalizou Adriano.
O ônibus finalmente chegou ao seu destino. A escola estava lotada e os alunos em clima de festa, era hora de pegar as notas e ver se passaram ou não de ano. Os alunos finalistas estavam trajando uma blusa preta desenhada nas costas à imagem de um cérebro, idéia sugerida por Adriano para mostrar a intelectualidade dos alunos. Os demais alunos estavam com suas fardas de cor branca com detalhes em vinho e nas costas o desenho de um escudo com as iniciais BCJ, Bartolomeu Cipriano Junior, uma escola muito apreciada pela qualidade de ensino e educação.
- Cara, hoje eu vou criar coragem e pedir a Alana em namoro – argumentou Saulo a Adriano. – Aff, do que adianta pedir ela em namoro agora no final do ano? –perguntou Adriano a Saulo que ficou sem resposta para a pergunta.
Caminharam apressadamente para dentro da escola, pois o sinal acabara de tocar. Passaram por um corredor enorme lotado de alunos, uns batendo papo, outros namorando e os mais encrenqueiros brigando. Dobraram a esquerda e subiram uma escada que dava aceso para a secretaria e as salas do 1º, 2º e 3º ano.
- Caramba, eu acho que vou me dar mal em religião! – comentou Adriano enquanto caminhava em direção a sala do 1º ano “A” – Se force só você eu ficaria calado! – exclamou Saulo chegando à porta da sala.
- Tchau Adriano, a gente se ver na hora da merenda – despedi-se Saulo entrando juntamente com Relisson na sala do 3º ano.
Adriano entrou na sala e sentou-se perto da janela. Brendon chegou logo em seguida e sentou na cadeira a frente de Adriano. Ajeitaram os livros e começaram a conversar sobre o que fariam nas férias.
- Bom dia, alunos! – saudou uma moça de cabelos escuros que chegavam até a cintura com o rosto salpicado de machas. Trazia calça jeans azul escuro e uma blusa preta e estava usando um colar com uma enorme pedra azul claro como pingente.
- Ótimo dia professora Elaine!– responderam os alunos praticamente juntos.
- Bem, para acabar logo com a ansiedade de vocês vou logo dar as notas – Anunciou a professora pegando o diário de classe.
- E que o massacre comece! – sussurrou Adriano no ouvido de Brendon que deu uma pequena gargalhada.
Elaine era a pior professora da escola. Todos os alunos não gostavam de sua aula, pois além de ser exigente, tirava dez pontos de quem fizesse barulho em sua aula.
- Silêncio – gritou a professora espantando os alunos – Gina Bart, Luciano Souza, Laíz Barbosa e Johnny Smith – Elaine fez uma pausa – vocês não passaram em religião esse ano.
- Pega, passei em religião! – comemorou Adriano.
- É, mas a minha nota foi maior que a sua – provocou Brendon – E daí? Pelo menos eu passei! – respondeu Adriano com um enorme sorriso.
O sinal tocou rapidamente. Logo outro professor entrou. Os alunos ficaram em silêncio, era o professor de história, Horácio, que havia entrado. Ele era odiado pela maioria dos alunos, pois sempre queria que suas atividades fossem entregues no mesmo dia e os que não conseguiam entregar ficavam sem o visto.
- Turma, eu vou ser bem direto. Vou falar os nomes daqueles que reprovaram, os que eu não chamar passaram de ano – falou o professor rispidamente aos alunos, que sentiram um nó na garganta – Vou começar! Gina, Andersom, Carlos e Luciano, vocês não passaram em história esse ano.
O restante da turma vibrou de alegria ao ouvirem que passaram da temida aula de história. Brendon e Adriano fizeram o seu aperto de mão secreto para comemorar.
Na aula seguinte a secretária da escola Juana, uma senhora de 55 anos, entrou na sala com uma lista das notas finais dos alunos que foram aprovados ou reprovados.
- Maneiro Cara! Nós passamos de ano – vibrou Brendon de alegria ao ver que foi um dos aprovados. – Caraca! Não tô nem acreditando. – exclamou Adriano com um grande sorriso.
Os meninos saíram da sala para o refeitório onde encontraram Wendel, Danilo, Rodrigo e Ejandre tomando refrigerante e comendo mini pizza.
- Eaí galera, vocês passaram? – perguntou Adriano servindo-se um copo de refrigerante. – Rodrigo, Danilo e Eu fomos Aprovados. – respondeu Wendel – e vocês? – perguntou Danilo.
- Ejandre, Saulo, Adriano, Relisson e Eu também! – respondeu Brendon.
- E então Danilo, tá combinado pra amanhã? – perguntou Saulo.
- Tá sim, o papai vai levar a gente de micro-ônibus até a chácara – respondeu Danilo com alegria. O menino era magro, pele morena e cabelos negros com uma franja que cobria a testa que, no momento, estava sentado ao lado de Ejandre, que era o menor da turma.
- Pena que você não vai Adriano! – lamentou Wendel pela má sorte do amigo – Quem te disse isso? – perguntou o menino – Você mesmo! – respondeu Wendel – Ah, isso foi na semana passada. Perturbei tanto minha mãe que ela me liberou! – respondeu Adriano satisfeito.
Saulo estava totalmente desligado da conversa. Estava concentrado em Alana que estava perto da fonte em forma de cachoeira que ficava na frente do refeitório. Estava criando coragem para pedir a menina em namoro, mas o nervosismo e o medo tomavam conta do seu corpo.
- Vai lá! Eu te ajudo – Adriano colocou a mão no ombro do amigo e deu um sorriso amigável para Saulo – Valeu! – agradeceu o menino.
Os dois caminharam ao encontro de Alana que estava com duas amigas conversando. Ao chegarem Adriano foi primeiro:
- Alana
– Fala gato, que foi? – perguntou a menina – Meu amigo Saulo está querendo conversar com você em particular. Você pode conversar com ele? – perguntou Adriano olhando para a menina e depois desviando o olhar para as duas meninas que estavam perto de Alana.
– Posso sim! Karen e Marta, vocês poderiam se retirar para eu poder falar com o Saulo? – perguntou Alana olhando para duas garotas que estavam sentadas a sua frente.
- Podemos sim! – responderam as duas ao mesmo tempo e já se retirando.
- Valeu Alana – agradeceu Adriano.
O menino caminhou até Saulo e disse que ele poderia falar com a Alana. Ao se aproximar de Alana, as pernas de Saulo pareciam duas varas verdes, estavam tremendo. Adriano até estranhou, já que Saulo tinha 17 anos e já teve diversas namoradas.
- Agora a conversa é entre vocês – disse Adriano dando uma risadinha enquanto ia embora.
Saulo pediu para Alana se sentar, pois o que ele tinha para dizer era muito importante. O coração de Saulo batia acelerado e então, finalmente falou:
- Alana, desde que você entrou aqui na escola, isto é na 6º serie, tudo mudou. No inicio eu não sentia nada por você, mas depois de te conhecer melhor, meu coração passou a bater mais forte. Os dias que eu ficava sem tiver eram tristes, pareciam anos. Bem, eu não sou muito romântico, mas vamos logo ao que interessa. Alana quer namorar comigo? – perguntou Saulo. Seu coração estava a mil. – Eu... Eu... Eu... Eu aceito. – respondeu Alana com um sorriso singelo.
- Eba! – comemorou Saulo dando um pulo de alegria e dando um beijo em Alana – Agora é só a gente contar para o nosso cupido gordinho! – completou Saulo. – Que cupido gordinho? – perguntou Alana franzindo a testa. – O Adriano – respondeu Saulo – Ele não é gordinho. Eu o acho muito fofo – repreendeu Alana.
Os dois foram correndo ao encontro de Adriano que estava no final do corredor do segundo andar sentado sozinho olhando para o lado de fora onde alguns alunos brincavam de vôlei.
- Oi drico! – saudou Alana recebendo a atenção de Adriano.
- Oi, pelo visto você e o Saulo já estão namorando! – Adriano deu um sorriso rápido e voltou a olhar o jogo de vôlei.
Alana e Saulo não entenderam nada e resolveram ver o jogo. Adriano estava olhando fixamente para uma menina de cabelos negros presos com uma piranha que estava, no momento, fazendo uma bela defesa.
- Você ainda não esqueceu a Gina, né? – perguntou Saulo vendo a cara triste do amigo – Ainda não! É difícil esquecer alguém cujo você batalhou tanto para conquistar – respondeu Adriano deixando uma lágrima rolar pelo seu rosto.
- Você ainda vai encontrar alguém que faça você esquecer a Gina, eu tenho certeza – disse Alana tentando consolar o amigo.
– É você tem razão! É hora de eu partir pra outra – respondeu Adriano com certa determinação na voz – É assim que se fala amigo – finalizou Alana dando um forte abraço em Adriano.
- E se for preciso, eu te ajudo – Saulo estendeu a mão ao amigo e o ajudou a se levantar da cadeira – Valeu Saulo! Afinal de contas se ela não me quer tem quem queira – Saulo e Alana deram uma boa risada com a resposta de Adriano.
Os três caminharam em direção a quadra da escola, onde ficava a piscina, quadra de futebol e a quadra de basquete. Aproximaram-se da piscina onde Brendon, Rodrigo e Wendel estavam competindo quem ficava mais tempo sem respirar debaixo d’água. Danilo, Ejandre e Relisson estavam brincando de basquete e ao verem os três se aproximando da piscina, pararam o jogo e foram ao encontro deles.
- Você perdeu a aposta maninho! – exclamou Saulo vendo Brendon emergir do fundo da piscina.
- Que aposta? – perguntou o garoto passando a mão no rosto para tirar o excesso de água – Aquela aposta que fizemos no início do ano. Onde apostamos quem arrumava primeiro uma namorada - respondeu Saulo com um sorriso que quase não cabina no rosto – Putz! Eu nem lembrava mais – respondeu Brendon passando a mão em seu cabelo castanho que estava pingando – Pois é! Agora todo o seu salário é meu por um ano – finalizou Saulo enquanto via Brendon saindo da piscina com cara feia.
- Tudo bem maninho. Toma sua primeira parcela do meu salário – Brendon puxou Saulo pelo braço e o jogou dentro da piscina – Infame. Quando eu te pegar eu vou quebrar todos os teus dentes – gritou Saulo enquanto os outros se espocavam de tanto rir.
Adriano correu até o seu armário no vestiário masculino e pegou uma toalha cinza e ofereceu para Saulo se enxugar. Por sorte, Saulo estava com a roupa de educação física enquanto a sua roupa que vestia na escola estava guardada em seu armário que ficava ao lado do armário de Adriano.
O último sinal tocou. Era hora de voltar para casa. O ônibus já estava à espera dos alunos que estavam ansiosos para chegarem a suas casas e contar as novidades aos pais. Adriano que sempre sentava ao lado de Saulo dessa fez sentou perto de Wendel, deixando espaço para o mais novo casal.  Não demorou muito para o ônibus chegar à parada onde Alana sempre descia. Ela se despediu de Saulo dando-lhe um beijo. Logo depois foi a vez de Saulo, Brendon, Relisson e Adriano descerem e voltarem para casa. Wendel, Ejandre, Rodrigo e Danilo desceram logo em seguida.

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