3. O Reencontro
Todos estavam se divertindo muito tomando um banho de rio, Saulo não saia de perto da Alana. Brendon e Relisson estavam competindo quem nadava mais rápido e Adriano, Ejandre e Danilo seriam os jurados. Wendel e Rodrigo estavam pulando de uma árvore e fazendo várias piruetas antes de cair na água.
- Galera pode pular também? – perguntou Adriano se aproximando de Wendel e Rodrigo. – Se quiser, pode pular a vontade! – respondeu Rodrigo subindo na árvore. – Valeu – agradeceu Adriano se apoiando para subir na árvore.
Os três combinaram de pular todos ao mesmo tempo e ver quem caia mais rápido. Wendel e Rodrigo fizeram várias piruetas enquanto caiam, mas Adriano não fez nenhuma.
- Poxa, não fiz nenhuma pirueta, mais valeu apena sentir a adrenalina se espalhando pelo corpo. – mencionou Adriano coçando atrás da cabeça. – Da próxima vez você consegui! – disse Wendel consolando o amigo.
Adriano agradeceu e avisou que já ia subir e perguntou se alguém também ia. Todos negaram afinal eram apenas 16h00minh da tarde, Adriano vendo que ninguém iria subir virou de costas e começou a caminhar em direção a casa de madeira.
Ao entrar na casa Adriano trocou de roupa e desceu as escadas correndo e só parou de correr quando se deparou com um violão. Ele se sentou de deslizou os dedos através das cordas e começou a tocar.
Alana que acabara de entrar na casa já ia saudar o amigo, mas ao vê-lo tocando preferiu ficar em silêncio até a música acabar.
- Que música bonita! – comentou Alana saído de trás da parede que estava escondida.
Adriano ficou surpreso com o comentário da amiga, afinal de contas ele era apenas um aprendiz de violão e jamais tinha recebido um elogio.
- Obrigado! – agradeceu Adriano. – Que música é essa? – perguntou Alana. – Look Through My Eyes, essa musica me ajuda a refletir. – respondeu Adriano.
- Posso fazer uma pergunta? – perguntou Alana. – Claro que sim. O que você quer saber? – respondeu Adriano. – Como você se separou da Gina? – perguntou Alana.
Adriano hesitou um pouco, mas resolveu responder.
- Bem, eu tenho o costume de todo o domingo sair com a família do Danilo para ir pro parque aquático. – começou o garoto e continuou. – O aniversário da Gina caiu em um domingo e eu resolvi que ia fazer uma surpresa para ela.
- Que surpresa? – perguntou Alana interrompendo o amigo.
- Eu comprei dois ingressos para o filme que ela queria tanto assistir. O filme era em 3D e custou metade da minha mesada. Então, após comprar os ingressos eu fui a casa dela pra fazer a surpresa, mas...
Adriano parou de falar e ficou quieto por alguns minutos, respirou profundamente e então continuou.
- Mas eu que tive a surpresa. Ela tava se agarrando com outro na frente da casa dela.
- Que cachorra. – Interrompeu Alana. – E o que você fez? – perguntou a menina.
- Bem, eu fiquei só olhando e depois eu fui até ela.
- E como ela ficou? – perguntou Alana.
- Ela ficou toda disconfiada e começou a gaguejar, não sabia nem onde enfiar a cara. Eu peguei dei os parabéns para ela e depois fui embora, foi quando encontrei o Saulo e chamei-o para ver o filme e ele aceitou.
- E depois disso o que ela disse pra você? – perguntou Alana.
- Ela disse que ele tinha agarrado ela a força, mas eu não acreditei e disse pra ela nunca mais falar comigo e também disse que eu tinha criado nojo da cara dela. Mais tarde eu soube que ela tava com aquele menino a mais ou menos uns cinco meses. – finalizou Adriano.
- Caramba, que história mais doida. – enfatizou Alana. – Bem, pelo menos você agora já não é mais um animal indefesso.
- Como assim? – perguntou Adriano franzindo a testa.
- O Homem sem chifre é um animal indefesso. – respondeu Alana rindo da cara feia que Adriano fez ao ouvir a resposta.
- Neste caso eu prefiro ser uma ovelha. – brincou Adriano.
- Posso fazer uma pergunta pessoal? – perguntou Alana.
- Pode! O que é? – respondeu Adriano franzindo a testa novamente.
- Tirando a Gina, quantas namoradas, você já teve? – perguntou Alana timidamente.
- Bem, se eu me lembro bem... Hum... Deixa-me ver... Cinco namoradas. – respondeu Adriano. – E você se lembra o nome delas? – perguntou Alana rapidamente.
- Sei Claro que sei. A primeira foi a Giovana. Quarta série. – respondeu Adriano. – E como ela era. – quis saber Alana.
- Ela tinha a pele bem branquinha como à do Wendel, olhos castanhos e cabelos vermelhos. Eu me separei dela porque ela mudou de Estado.
- E a segunda? – Interrompeu Alana.
- A segunda foi a Érica. Pele bronzeada, olhos verdes e cabelos ruivos também. Beijava bem pra caramba. Conheci-a na quinta série. Separei-me dela porque o pai dela brigou.
- E a terceira? – perguntou Alana dando uma pequena risada.
- A terceira foi a Andressa. Conheci-a na sexta série. Pele bronzeada e olhos de cor mel. Cabelos ruivos super macios e sedosos. Tive bons momentos com ela, mas infelizmente ela me deu um “pé na bunda”. – respondeu Adriano revirando o olho.
- A Quarta foi a Vanessa. Sétima série. Fiquei com ela mais ou menos uns três ou quatro meses. Separei-me dela porque não tava mais dando certo. A gente vivia brigando e resolvemos ir um pro lado, outro pra outro. – respondeu Adriano antes que a amiga perguntasse.
- A quinta e última foi a Susana. Oitava série. Fiquei um ano com ela. Morena de olhos castanhos e cabelos ruivos. Com ela eu tive vários momentos inesquecíveis, cinema, shows e até jantar a luz do luar, tá pra ti. Infelizmente ela mudou de bairro, mas de vez em quando a gente se encontra por acaso ou quando combina. Eu e ela trocamos de cinco a dez beijos.
- Caraca, mas porque vocês não voltam? – perguntou Alana interrompendo o amigo.
- Pra falar a verdade eu ainda gosto muito dela, mas a mãe dela não vai muito com a minha cara então...
- E isso é motivo? – interrompeu Alana.
- Não. Meu coração bate forte quando estou do lado dela e o coração dela também bate forte quando tá do meu lado. Ainda to criando coragem pra enfrentar a fera que é a mãe dela.
- Poxa, espero que vocês consigam voltar! – torceu Alana.
- Falando nisso, a fazenda do pai dela é bem pertinho daqui. Amanhã eu vou lá fazer uma visita e você vai comigo. – anunciou Adriano. – com todo o prazer. – concordou Alana.
- Oi pessoal! Tô interrompendo alguma coisa? – saudou Saulo. – Não, eu e o drico estávamos apenas conversando. – respondeu Alana. – Sobre o que estavam conversando? – perguntou Saulo. – Nada demais. Depois eu te conto. – respondeu Adriano.
- Pessoal, hora de fazer uma boquinha. – gritou Ejandre da cozinha.
A conversa foi deixada de lado. Saulo, Alana e Adriano desceram correndo as escadas. Danilo estava arrumando os pratos e Ejandre colocando as panelas encima da mesa. Ejandre tirou uma fôrma coberta por papel alumínio de dentro do forno e colocou na mesa.
Da fôrma saia um cheiro delicioso que dava água na boca. Wendel desembrulhou e quando viram que era o famoso escondidinho de carne com queijo que só Ejandre conseguia preparar, caíram de boca na comida. Não sobrou um só pedaço. Relisson chegava a bater na barriga de tão cheio que tava.
- Caraca meu, você cozinha muito bem Ejandre. Já pode casar! – elogiou Alana.
- Isso não é nada. Espera pra ver o Adriano e o Saulo na cozinha. Você vai querer comer até os pratos. – brincou Ejandre.
- Pessoal boa noite! Já vou dormir que amanhã eu tenho um compromisso importante. – anunciou Adriano levantando da cadeira. – Espera, vou também. – respondeu Alana bebendo rapidamente o que sobrou do refrigerante.
- Também vou. – se levantou Saulo acompanhando Alana e Adriano.
Os três subiram rapidamente e entraram no quarto de Adriano. Saulo fechou a porta e perguntou:
- O que vocês estão planejando?
- Amanhã, eu e o drico estávamos planejando ir até a fazenda do pai da Susana pra ver se ela estava lá. – respondeu Alana.
- Posso ir também? – perguntou Saulo rapidamente.
- Pode sim, assim ninguém fica segurando vê-la. – brincou Adriano.
Todos se despediram e foram dormir. Saulo no último quarto do corredor, Alana no meio e Adriano no primeiro. Estavam ansiosos. Alana finalmente iria conhecer Susana, Saulo queria andar a cavalo com Alana na garupa e Adriano doido para encontrar- se com Susana.
Os raios do sol estavam pela janela. Alana deu uma demorada espreguiçada e levantou-se rapidamente. Correu até o banheiro e escovou os dentes. Arrumou-se e começou a bater na porta do quarto de Adriano.
- Drico acorda, já amanheceu. – gritava a garota.
- Já tava acordado. – disse Adriano abrindo a porta.
- Vocês estão prontos? – perguntou Saulo abraçando Alana por trás. – estamos sim, vamos? – respondeu Alana.
Os três caminharam em direção ao portão de madeira e saíram. Caminhavam sobre a estrada de barro vermelho conversando sobre as diversas travessuras que tinham feito.
- Ai! Galera espera aí que eu to meio apertado. – anunciou Adriano caminhando em direção ao mato.
- É o número 1 ou o número 2? – perguntou Saulo rindo de Adriano.
- É o número 1! – gritou o menino.
- Se for mentira, cuidado com as folhas de urtiga. - disse Alana rindo.
Adriano já estava ajeitando a barguilha da calça, saindo da mata quando olhou pro chão.
- Pessoal, acho que vocês vão querer ver isso aqui. – gritou o menino.
- O que foi? Uau! – Saulo tomou um susto quando olhou para o chão.
– O que será que é isso? – perguntou Alana.
- Eu não sei. Mas sei que isso é bem esquisito! – respondeu Adriano se abaixando.
Adriano pegou um objeto no formato de um dodecaedro* do chão cheio símbolos esquisitos.
- Deixa isso ai Adriano. – aconselhou Saulo. – Que deixar o que, achado não é roubado quem perdeu foi relaxado. – retrucou Adriano.
Adriano se levantou e caminhou em direção a estrada. Saulo e Alana fizeram o mesmo. Adriano guardou o estranho objeto no bolso direito de sua calça.
Um pouco mais a frente, avistaram uma fazenda com o pasto bem grande e verde, onde bois, vacas e cavalos pastavam tranquilamente. Árvores frutíferas espalhadas por toda e propriedade. Perto dali, havia um jardim cujas flores estavam sendo regadas por sistema de irrigação, onde pássaros de divertiam com as gotículas de água. Adriano abriu o portão. Caminharam por uma pequena estrada feita de pedras em mosaico até uma casa de cor branca com vermelho. Foi até a varanda e bateu na porta.
- Quem é? – perguntou uma voz forte que vinha de dentro da casa.
- Oi Sr. Francisco, sou eu Adriano. – respondeu Adriano alegremente.
- Adriano, meu garoto é você? Que bom vê-lo novamente! – saudou o Sr. Francisco abraçando Adriano e dando umas batidinhas nas costas do garoto.
Francisco trajava uma calça jeans azul com uma camisa xadrez de cor vermelha. Sua face enrugada não escondia a alegria de ver o garoto. Ajeitou sua farta cabeleira grisalha antes de colocar o chapéu de palha que possuía nas mãos.
- É um prazer vê-lo novamente também senhor! – respondeu Adriano – A Susana está? – perguntou Adriano envergonhado.
- Claro que sim. Ela está alimentando os cavalos. – respondeu o Sr. Francisco apontando para o curral.
– Suponho que você deve estar loquinho para cavalgar neles, não é Saulo? – perguntou o Sr. Francisco com um sorriso no rosto olhando para Saulo.
- Sim, e muito. – respondeu o garoto caminhando em direção do estábulo.
Adriano caminhou de mansinho até o estábulo. Ao chegar viu uma jovem garota alimentando um cavalo branco. A menina trajava calça jeans azul e uma blusa branca um pouco apertada, o que deixava suas curvas mais acentuadas. Suas botas pretas estavam parcialmente sujas de lama.
- O que posso fazer para conquistar uma gata como você? – perguntou Adriano a menina.
- Drico! – a menina deixou o balde que segurava cair, correu ao encontro do garoto e lhe deu um beijo.
- Esses dois se merecem! – afirmou o Sr. Francisco vendo o beijo que Susana tinha dado em Adriano.
- Concordo com o senhor. Pena que a dona Magnólia não pensa assim! – enfatizou Saulo.
- Ah, a magnólia fala mal do Adriano por fora, mas por dentro ela gosta dele. Acho que ela faz isso pra não da muita liberdade nem pra ele nem pra Susana. – comentou o Sr. Francisco colocando a mão no ombro de Saulo.
- Que bonitinho! – brincou Alana vendo a cena.
- Quem é ela? – perguntou Susana.
- Ah! Susana essa é Alana a namorada do Saulo. – respondeu Adriano.
- Oi! Muito prazer, o drico fala muito bem de você! – cumprimentou Alana.
- Então quer dizer que você é a namorada do Saulo. Desejo boa sorte ao casal. – disse Susana. – Saulo quer cavalgar com a Alana? – perguntou a menina.
- Com cerveja – respondeu Saulo brincando.
– Ótimo! Você pode ir com o Fly, aquele cavalo marrom que você tanto queria montar – disse Susana alegremente.
- Exatamente! E eu e Su vamos no Trevo, aquele cavalo branco que a Susana tava alimentando.
Saulo, Alana, Adriano e Susana saíram pra cavalgar pelo vasto terreno do Sr. Francisco. Passaram por um pequeno riacho de água cristalina e pararam sob a sobra das palmeiras.
- Então quer dizer que você e Saulo estão namorando? – perguntou Susana a Alana. – Exatamente. Se bem que ele não foi muito romântico. – respondeu a menina.
Saulo fez uma cara feia com a resposta de Alana que os demais começaram a rir.
- Posso fazer uma pergunta? – perguntou Alana a Susana.
– Pode sim, o que você quer saber? – respondeu Susana com um sorriso.
– Por que a sua mãe, a dona Magnólia, não gosta do Adriano? – perguntou Alana meio sem jeito.
- Bem, meu pai, o Sr. Francisco, é dono de um banco e minha mãe, possui uma usina de petróleo. – começou Susana. – Por isso, ela tem raiva do drico, porque ela pensa que ele tá comigo só por causa do dinheiro. – finalizou Susana dando um abraço em Adriano.
- É verdade, mas eu nem sabia que a Susana era rica quando eu a pedir em namoro. Só fiquei sabendo que ela era rica no final do ano passado, quando ela me deu um notebook, de presente de ano novo. – complementou Adriano dando um selinho em Susana.
- É, e o drico me deu um colar de prata com pingente da primeira letra do meu nome. Eu guardo na parte secreta do meu porta jóia, porque se a mamãe pegar...
- É, vamos encerrar esse assunto por aqui e aproveitar o tempo que ainda nos resta. – interrompeu Adriano.
- Ah! Antes que eu esqueça, obrigado Adriano por convencer minha mãe a deixar eu vim. – agradeceu Alana.
- E como você conseguiu isso mesmo? – perguntou Saulo.
- Bem, pra começar – Adriano deu uma longa pausa e então continuou – A Alana vai ficar só hoje aqui. O pai do Danilo vai vim buscar ela mais tarde.
- Pelo menos eu vou poder aproveitar esse dia com ela. – comemorou Saulo dando um demorado beijo em Alana.
Ficaram ali por quase quatro horas, conversando sobre a vida, namorados, jogos, filmes e etc. Só saíram dali quando terminaram de assistir o sol se pondo atrás das montanhas que ficavam ao redor.
Ao chegarem, Susana e Adriano foram colocar os cavalos para descansar enquanto Saulo e Alana foram ao encontro do Sr. Francisco.
- Poxa, vocês demoraram. Espero que tenham conhecido tudo por aqui. – brincou o Sr. Francisco.
- Pena que você já vai drico, queria passar mais tempo com você, mas a mamãe estar vindo amanhã pra me buscar. – lamentou Susana.
- Pelo menos tivemos esse dia juntos. – exclamou Adriano. – Isso é verdade. – concordou Susana.
Adriano se despediu de Susana dando-lhe mais um beijo. Estava feliz por ter se reencontrado novamente com a garota que balançou seu coração. Saulo e Alana também se despediram e seguiram Adriano que já estava no portão. Adriano olhou para trás e jogou um beijo para Susana.
Ao chegarem à chácara o Sr. Josias estava à espera de Alana. Alana arrumou suas coisas rapidamente e se despediu de Saulo da mesma maneira que Adriano se despediu de Susana. O coração de Saulo e Adriano estava apertado, porém felizes por ter passado parte das férias com alguém que tanto amavam.
*Dodecaedro: Objeto geométrico que possui doze lados.
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